O Fim das Baladas
Uma era de DJ's, casas noturnas, festas todo fim de semana chega ao fim, vamos tentar descobrir o que está acontecendo na noite e o que leva uma geração não se interessar pela noite.
Você pode gostar ou não da noite, de baladas, música eletrônica e tudo que envolve uma casa noturna, mas é difícil negar que o fim delas, se não aconteceu está em andamento. Independente se você mora no interior do Paraná como eu, ou em uma capital, é difícil negar que as casas noturnas estão minguando. Ano passado, um radialista de Milão que acompanho nas redes social, fez m grande desabafo contando que o mesmo acontece na Itália, ou seja, não é exclusividade do Brasil, por que então esse estilo de vido está acabando? Temos algumas hipóteses.
Fui DJ de 2004 até meados de 2014, peguei uma época curiosa, comecei tocando apenas música eletrônica e o começo de fenômenos como sertanejo universitário e funk carioca, misturado com aquele finalzinho do Axé de Ivete. Ou seja, em determinado momento (morando no interior) era comum tocar 1 hora de eletrônica em uma casa noturnal meia hora de brasilidades, algo comum, mas com a forte e rápida ascensão radiofônica do sertanejo universitário, a música eletrônica foi rapidamente engolida e posteriormente com outros fenômenos como Anitta, Pablo, Lady Gaga e afins, as baladas puramente eletrônicas foram acabando, mas não é esse o motivo do seu fim.
Ser DJ passou a ser algo meramente de nome, mixar não era mais tão importante quando a música preferida de uma geração era outra, e é aí que começa tudo, quem tem seus 16, 19 anos, cresceu em uma época que não via mais seus pais e amigos se arrumando para a balada, ansiosos, na expectativa do que poderia acontecer, de quem poderia encontrar, das luzes, o cheiro da fumaça branca (esqueci o nome) ou mesmo de ouvir aquela música que só tinha naquela balada, a última geração cresceu envolta a redes sociais e aí que temos mais um ponto.
Pra que sair se você pode conhecer uma pessoa pelo TINDER, nem precisa flertar e ter aquele frio na barriga ou mesmo receber um não. (eu que o diga, sofri) Pra que sair de casa pra ouvir música alta e voltar de ressaca se pode ouvir música pelos apps enquanto fica no TINDER ou mesmo assiste um vídeo de uma balada em IBIZA?
Outro ponto, o Brasil nunca teve tantas igrejas evangélicas, muitas baladas, cinemas, teatros foram comprados ou alugados por grandes igrejas, paralelo a isso, muitas igrejas tem uma programação voltada a cooptar esses jovens de 14, 16 anos em seus cultos de parede preta e gente descolada.
Adiciono aqui um “achismo” a geração atual, bombardeada pela velocidade das redes sociais, não consegue ouvir uma música inteira, que dirá ir na mesma balada e ficar em um ambiente escuro em que postar nas redes sociais ou mexer no celular sem um espaço “instagramavel” é complicado, para isso, produtores de eventos espertos, criaram festas temáticas que ocorrem de tempo em tempo, exemplo: Festa do Havai, 3 meses depois festa do terror, depois festa do funk e claro, tudo em lugares bem iluminados e “instagramaveis” em que justamente as mais tocados pelos DJ são as brasilidades, esqueça House, Techo e afins.
Por fim, não estou culpado alguém ou uma geração pelo fim das casas noturnas, muitas faliram por falhas administrativas mesmo, mas manter uma funcionando de quinta a domingo, pagando todas as despesas e com um DJ residente que toca apenas música eletrônica é muito complicado quando não se tem mais uma geração que gosta de baladas. Em grandes cidades como Londres e Nova York, muitos donos de cafeterias têm apostado em DJ’s tocando o dia todo, obviamente com volume e estilo calmo de música eletrônica e tem se mostrado interessante.